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Delícias (e verdades) de Drummond!

Posted by Ana on 23:23


"Se o primeiro e o último pensamento do seu dia for essa pessoa , se a vontade de ficar juntos chega a apertar o coração : é o amor !"

"Se você sabe explicar o que sente, não ama, pois o amor foge de todas as explicações possíveis!"

"A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade. A dor é inevitável. O sofrimento é opcional."



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Sobre balanças e solitude

Posted by Ana on 23:05

Pois é, só que outro dia me peguei fazendo o oposto do post anterior. Não estava julgando, estava...não sei que palavra usar...palpitando na vida de uma amiga? Cuidando dela? Alertando? Dando minha opinião? Não sei...fato é que falava coisas querendo seu bem. Mas as coisas que eu dizia, embora na melhor das intenções, eram baseadas em crenças, valores e tolerâncias minhas.

Era um sábado de manhã. Após uma ótima noite de samba, eu, minha mãe e minha amiga conversávamos amenidades quando perguntei a ela sobre uma coisa específica de um momento de vida dela, que aqui preservo. Foi quando caímos no confuso e gostoso mundo dos relacionamentos.

Conforme dizia meus pontos, ela e minha mãe se admiravam. Talvez até se assustavam. E eu também me surpreendi. Porque naquele momento ficou muito claro para mim a questão de algo que só recentemente uma amiga querida me apresentou o nome e o conceito formal, embora já a sentisse: a solitude.

Não é solidão ou isolamento. Não é dizer não a relacionamentos amorosos ou a amigos ou a conhecer pessoas. Mas é estar inteiro, pleno, feliz e em paz só com você mesmo. É saber que você não vai estar o tempo todo com alguém e que não precisa disso para ser feliz. Nossa felicidade não está em outra pessoa, mas na plenitude de nós mesmos.

Naquela conversa eu dizia: “tem que valer muito à pena estar com alguém”. Não significa desistir a qualquer dificuldade, não tolerar defeitos e muito menos ser fofo e perfeito. Hoje eu sei que isso não existe. Mas precisa haver algo que agregue muito, justamente para que se suportem as dificuldades, para que se façam concessões, para que se busque um ponto de equilíbrio quando há divergências na forma de agir na vida e de pensá-la.

E esse “algo que agregue muito” depende da balança de cada um. O calibre dessa balança é muito particular, cada um ajusta o seu. Se eu tiver que abrir mão de algo que para mim é muito importante, mas há outros fatores que compensem esse ceder, ok. E esses fatores, nossa, são tantos: paixão, amor, dinheiro, admiração, caráter, sexo, carência, dependência, segurança, filhos, companheirismo...cada um tem o seu.

E eu lá, falando para minha amiga de acordo com minha balança...

Digo que tem que valer muito à pena porque (de acordo com minha balança, ok?!) liberdade, independência e paz de espírito são grandes riquezas que jamais podem ser roubadas ou perturbadas. Tem que ser sim aperfeiçoadas, incentivadas e – o mais gostoso – compartilhadas!!  Isso tudo não significa egoísmo ou relacionamento aberto. Significa maturidade. Significa reconhecer e respeitar o outro como um inteiro e os dois juntos tirarem o melhor proveito disso!

A minha balança está com o calibre bem rigoroso ultimamente, é verdade. Talvez porque seja só uma fase. Talvez porque eu não esteja deliciosamente desorientada por uma paixão. Cheguei perto...Ou talvez porque realmente tenha internalizado e cristalizado isso em mim.

Mas se eu mudar de ideia (ou se eu quebrar a cara), minha mãe e essa minha amiga serão as primeiras a saber! A vida sempre nos surpreende...  

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“A bebê está quietinha, porque você não fica também?”

Posted by Ana on 22:58


Porque somos incomparáveis. E a vida de cada um é muito, mas muito, extremamente particular.

Era a frase da mãe que tentava aquietar seu filho naquele vôo. Ela me despertou para algo que venho pensando e sentindo há algum tempo sobre a particularidade de nossas vidas.

Sabe aquela história de que “o que é bom para um não é para outro” ou “cada um sabe a alegria e a dor que traz no coração” ou “não cuspa para cima que cai na testa”??? Pois então, são maneiras diferentes de expressar o quanto nossas vidas são singulares, o quanto não podemos julgar porque pode acontecer conosco e porque não sabemos quais caminhos tomou a vida daquele alguém que julgamos e que o levou a tal atitude, visão de mundo ou modelo mental.

Não defendo que todas as condutas são aceitáveis ou justificáveis, longe disso. Apenas acho que mais do que falar ou apontar ou pré-julgar, cabe observar, analisar. E se discordamos, guardemos para nós e façamos diferente. E melhor. E que nos faça bem.

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Crioula por paixão!

Posted by Ana on 22:56

Já sabia que sou apaixonada por coisas antigas e histórias de lugares, pessoas, famílias, objetos. Principalmente de famílias e lugares. Mas não sabia que isso era tão forte a ponto de querer saber mais. Investigar mais.

Olinda, João Pessoa e Recife, mais que uma beleza natural estonteante e construções antigas cheias de charme, preservam uma vida histórica intrigante e ainda latente.

A Igreja de São Bento, em Olinda, guarda a arte de 1660, mas – e principalmente – as relações de poder bem claras que existiam à época colonial: a nata da sociedade ficava intocada na região do altar. A classe média ocupava uma espécie de camarote e a classe baixa amontoava-se nos bancos comuns onde hoje todos nós sentamos, após sangue de muitos derramado para tal conquista. Negros não entravam.

Porto de Galinhas carrega esse nome por conta do contrabando de negros africanos, que continuou mesmo após a abolição. Eles aportavam amontoados abaixo de gaiolas de galinhas da angola. Quando estes navios contrabandistas chegavam, os comerciantes do porto gritavam “a galinha chegou!”.

Ainda em Olinda deparo-me com uma dupla de repentistas. Na simplicidade da vida que levam e com as muitas histórias que seus cabelos brancos já devem ter visto, vivido e ouvido, dão sentido às rimas de maneira sapeca, leve, bem-humorada. Crítica, também.

Simplicidade...talvez Norte, Nordeste e Centro-Oeste de nosso país consigam preservar isso quase como que uma filosofia de vida. Nos passeios sempre cruzamos com os nativos locais. Dão-me uma sensação de que pouco querem. Pouco querem ter. Pouco querem ser. Existem, apenas. Dia a dia. Sem qualquer julgamento de que isso seja bom ou ruim. Comento, apenas.

No entanto, ali estão por conta de nossos colonizadores portugueses, holandeses e espanhóis que muito quiseram para chegar ao ponto de desbravarem oceanos, chegar até ali e começar uma vida que para muitos hoje é de pouco querer.

Naus primitivas. Métodos de construção primitivos. Aos olhos de hoje. E tanta beleza criada, descoberta, construída. Barroco. Riqueza de detalhes, cores, formas e curvas. Como? Encanta.

E mais ainda encanta o que se passou naquelas casas, praias, praças. Amores, negociações de vidas, estratégias de conquista. Traições amorosas e nos negócios. Sexo, dramas, tortura. Planos, banquetes, risos, danças. Sonhos. Fartura e miséria.

Queria estar ali, sozinha, à noite, para ouvir o que cada tijolo, cada afresco, cada gota do mar tem a me contar. Aquilo tudo pulsa, respira, é vivo ainda. Sentem? Não é só um conjunto de lindas casas coloridas e quilômetros de beleza natural. As vidas que por ali passaram, como em todos os lugares, ali perpetuam-se pela história.

E é o simples, o bruto, o rústico que me atrai nisso tudo. O forró, o caipira, a capoeira, o samba, a roda de samba, o repente, o são joão.

Sinhá por gosto. Crioula por paixão.

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"Por que metade de mim é o que penso. A outra metade é um vulcão". (Oswaldo Montenegro)

Posted by Ana on 20:12


Depois de um ano e alguns meses em um ritmo alucinado de trabalho e mais tantas coisas juntas acontecendo em outras esferas da vida que não só a profissional, faz-se uma pausa. Que não sei definir bem como, de que ou para que. Nem se boa ou se ruim. Estranha...e necessária.

Pausa de tudo. Alguns pontos finais a vida trouxe. Outros tive que colocar sem de fato querer - estes insistem em se multiplicar em reticências...

Pausa, até, de mim mesma.

Não se trata de diminuição de volume de coisas por fazer, nem de férias. Trata-se de um ponto de inflexão na forma de ver, pensar, sentir e viver a vida. Tudo o que vinha num fluxo acelerado e “certo” no sentido de estar em paz com as decisões, de repente vira de ponta cabeça e transforma-se num grande ponto de interrogação. O corpo pede calma, a cabeça não acompanha e o coração...ah...este grita!

Já não é a primeira vez. Compreendi que esse vai-e-vém das certezas é de alguma maneira natural, na medida em que nos transformamos diante de experiências vividas e coisas sentidas. Mas é muito desconfortável e leva um tempo para tudo se ajeitar outra vez.

O que me inquieta é o que está por trás desse desequilíbrio. Se tudo vem vindo tão firme e certo, a ponto de fazer sentir que finalmente entramos em contato com a nossa verdade, por que é que de repente perdemos essa conexão e tudo volta a ser uma tela preta?

Penso que isso é um exercício constante da vida para não deixarmos as coisas do mundo passarem por cima de nós, do que acreditamos e do que queremos fazer diferente. Para não deixar o medo tomar conta. Para nos fortalecer e caminharmos rumo ao que se deseja realizar.

Dói. Cansa. A racionalidade - minha, em particular, que não é pequena - na maioria das vezes me desvia desse caminho. Mas em todos os momentos em que, me perdoem o clichê, pude ouvir e seguir meu coração, eu fui mais feliz.

Hoje transito (muito) na metade de mim que pensa. A outra metade está em transformação.


"Nossa dor não advém das coisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram".
Carlos Drummond de Andrade

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